Boca de Cote é um dos melhores locais para fazer snorkel em Los Roques. Ela fica distante cerca 45 minutos de Gran Roque e o passeio até lá inclui outras atrações do arquipélago. Os passeios reservam geralmente 1 hora e meia para Boca de Cote e o restante para outros locais como o Palafito e a Laguna de Rabusquí.
Nós ficamos impressionados com a tonalidade do mar em Boca de Cote. São inúmeras variações de azul e verde, algo impressionante de se ver. Era nosso segundo dia em Los Roques e ainda estávamos na fase de encantamento com o arquipélago.
Conforme nosso barco foi se aproximando já deu pra ter uma noção de como o lugar seria.
Boca de Cote fica num dos extremos do arquipélago. O local possui uma pequena e estreita ilha. De um lado a ilha é protegida do mar aberto e possui o mar calmo. Do outro lado o mar é bastante agitado. Foi num ponto com o mar agitado que paramos para fazer o snorkel. O barco balançava muito, não sei se é sempre que o mar está bastante agitado ou se foi somente naquele dia.
Pulamos na água e foi só afundar a cabeça para ter certeza que o snorkel seria muito bom. A água era cristalina, cheia de corais e peixes.
O Chichi (nosso guia) foi nos guiando e mostrando a beleza do local. O snorkel durou uns 45 minutos e foi muito bom.
Subimos novamente no barco e o Chichi nos levou na outra ponta de Boca de Cote. Descemos na ilha, num local com uma grande concentração de conchas.
O mar nesse ponto estava calmo e muito lindo, com várias tonalidades de azul e verde.
É uma pena que não haja praia em Boca de Cote, seria uma das mais belas de Los Roques. Olha a cor do mar. É azul de doer os olhos.
Depois de alguns minutos tirando fotos e contemplando a beleza do local subimos novamente no barco e zarpamos rumo a outras maravilhas de Los Roques. Boca de Cote foi nossa primeira parada do dia. Ainda iríamos conhecer outros lugares mágicos do arquipélago.
Francisquí foi a primeira ilha que conhecemos em Los Roques. Ela fica próxima de Gran Roque, cerca de 10 minutos de barco, por isso o ideal é conhecê-la no primeiro ou último dia da viagem, se o horário do voo permitir fazer passeios nesses dias.
Por ficar próxima ela é uma das mais cheias. Inclusive é recomendado não ir à Francisquí nos finais de semana, quando muitos venezuelanos vão ao arquipélago. Fomos numa quinta-feira e mesmo assim a ilha estava cheia para os padrões de Los Roques. Nosso voo chegou as 10:30 e por volta das 12:30 já estávamos em Francisquí.
Nesse trajeto de 10 minutos de barco até Francisquí, pegamos nossa única chuva de Los Roques, que na verdade foi uma garoa de uns 5 minutos. Isso porque fomos num dos meses que mais chove, novembro.
Francisquí
Existem 3 Francisquís: Arriba, Medio e Abajo. Fomos na Francisquí Arriba que é a mais famosa. Nela fica um restaurante especializado em peixes e frutos do mar. Não comemos no restaurante, mas eles preparavam uma lagosta que parecia ser muito boa, inclusive você pode escolher a lagosta em uma gaiola.
LagostasRestaurante
Francisquí possui uma concentração de barcos, lanchas e iates em suas imediações. Isso não é muito bom, porque muitos deles têm o péssimo costume de escutar música com volume alto, principalmente Michel Teló e Gustavo Lima. Isso foi uma pequena decepção para o nosso primeiro dia em Los Roques. Imaginávamos ficar num paraíso isolado no meio do mar, sossegados e curtindo o visual, mas Francisquí estava meio muvucada. Nada a ver com a muvuca das praias do Brasil, mas em Los Roques qualquer ilha com mais de 20 pessoas já está cheia.
Concentração de embarcaçõesFrancisquí, “cheia” para o padrão de Los Roques
Francisquí tem uma faixa de areia estreita, com vegetação ao fundo. Vegetação que possui muitos mosquitos, um bom repelente é recomendado. O mar é calmo, uma grande piscina natural, excelente para banhos.
Grande piscina natural
Andando para a direita, após o restaurante, a ilha faz uma curva e surge uma prainha com faixa de areia muito estreita. Nesse ponto o mar também é calmo e quase não tinha ninguém por lá. Ficamos um bom tempo nadando por ali, estava uma delícia.
Após o restaurante a ilha estava mais deserta.
Também fomos explorar o lado esquerdo da ilha, procurando uma trilha que levaria a um local bom para snorkel que eu tinha lido em vários relatos de pessoas que foram para Los Roques. A trilha é bem fácil de achar.
Após percorrer um trecho da trilha, surgiram algumas bifurcações e algumas inundações. Enquanto decidíamos qual caminho seguir éramos devorados pelos mosquitos.
TrilhaTrilha coberta de água
Pegamos um dos sentidos da trilha e saímos novamente no mar. Fizemos snorkel por lá, foi bem legal, nosso primeiro snorkel em Los Roques. Mas até hoje não sei se esse é o local que várias pessoas indicavam pela net.
Uma coisa interessante que existe em Francisquí são trechos de mangue com mar azul, bem diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil. Não é só Francisquí que tem esse privilégio em Los Roques, também vimos mangue em outras ilhas.
Área de mangue
Francisquí foi uma das ilhas que menos gostamos de Los Roques. Não que ela seja feia, muito pelo contrário, ela é linda. Mas é que Los Roques possui lugares lindos de doer e achamos que Francisquí está num nível um pouco abaixo. Sem contar os mosquitos, os barcos e a “grande” quantidade de pessoas.
Se você está programando uma viagem a Los Roques deve se conscientizar de uma coisa: Los Roques é um destino rústico. Lá não existem hotéis ou pousadas de luxo, principalmente no quesito lazer. Por mais que você pesquise, muito provavelmente você ficará hospedado em uma pousada de simples para média estrutura. O luxo em Los Roques é ficar num quarto confortável com ar condicionado e comer bem. Pousada com piscina, por exemplo, não vi nenhuma.
Além disso, as pousadas de Los Roques tem um estilo próprio, um pouco diferente do que estamos acostumados no Brasil. Na maioria delas os hóspedes fazem as refeições e passeios juntos, e com isso os hóspedes acabam formando um laço de amizade entre si.
A estrutura do vilarejo também é simples. Gran Roque é a principal ilha do arquipélago e onde fica o vilarejo, o aeroporto, as pousadas e toda a estrutura de Los Roques. Em Gran Roque, a água e energia são escassas. A maioria das pousadas não tem água quente e na nossa pousada saía apenas um filete de água no chuveiro. A energia elétrica cai toda hora, por isso é fundamental escolher uma pousada que tenha gerador.
Uma das coisas que temos que escolher ao reservamos uma pousada em Los Roques é o sistema de alimentação. Nós fechamos no estilo pensão completa, que compreende o café da manhã, uma cava (térmica) que a pousada colocava nosso almoço para comermos durante os passeios, um chá da tarde quando chegávamos na pousada após os passeios e o jantar. Estava incluso água e refrigerantes em todas as refeições. Cerveja e vinho eram cobrados a parte em nossa pousada.
Também é possível reservar as pousadas apenas com o café da manhã ou com o café da manhã e o jantar. Nesse caso, será necessário correr atrás das coisas para colocar na cava para levar nos passeios. Tem alguns mercadinhos em Los Roques, dá para fazer isso. Mas achamos muito mais prático fechar tudo com a pousada, não perdíamos tempo indo atrás dos mantimentos para comprar. Não aconselho escolher o sistema só com café da manhã, já que Los Roques não possui restaurantes para jantar, a não ser que você seja do estilo mochileiro desbravador.
Em Los Roques cada dia você irá passear em uma ilha diferente, já que em Gran Roque não há atrações turísticas. Muitas pousadas tem o seu próprio barco . São elas que organizam os passeios que os hóspedes irão fazer. Geralmente o destino do dia seguinte é decidido durante o jantar. Se o destino que você pretender for diferente dos outros hóspedes, eles podem te encaixar no barco de outra pousada ou com algum barqueiro particular.
Caso você fique em alguma pousada que não possua barco ou não organize os passeios, isso não é problema. Você pode se encaixar em algum barco, basta ir ao píer e contactar os capitães.
As pousadas que a maioria dos brasileiros ficam em Los Roques são a Sol y Luna e a Guaripete. Nós ficamos na Guaripete, veja aqui nosso relato da Pousada Guaripete.
A Pousada Sol y Luna pertence a um brasileiro que é dono da agência Venebrasil, com a qual também é possível fechar pacotes para Los Roques. A Sol y Luna é bastante recomendada nos relatos que li sobre Los Roques, com destaque para o atendimento dado pelos funcionários.
Atualização Abril 2014: O Fábio Blinder ainda é dono da Venebrasil e continua agenciando pacotes para Los Roques. Ele vendeu a Pousada Sol y Luna. Agora ele administra as pousadas La Corsária e Eva.
Fachada da pousada
Junto com a pousada em Los Roques você já pode também pode fechar toda a assistência em Caracas (transfer e pernoite) e também o voo de ida e de volta de Caracas para Los Roques. Nós fechamos tudo isso com a Pousada Guaripete e achamos que foi bem prático. Veja como foi nosso pernoite em Caracas.
Além da Guaripete e da Sol y Luna existem muitas outras pousadas em Los Roques. Algumas são econômicas, outras medianas e outras mais caras. Não tem segredo, quanto mais caro você pagar, melhor serviço irá levar.
Após muita pesquisa, a Pousada que escolhemos para ficar em Los Roques foi a Guaripete. É uma das pousadas mais frequentadas por brasileiros e possui uma excelente equipe de funcionários. Mas como Los Roques é um destino rústico, quem for para o arquipélago tem que ter consciência que não existe luxo por lá.
O grande diferencial da Pousada Guaripete, em relação às demais pousadas de Los Roques, é o capitão do barco da pousada, o Chichi. Ele foi nosso guia durante todos os passeios que fizemos pelo arquipélago. Ele é demais, nos deu um tratamento diferenciado, bem superior ao que os hóspedes das demais pousadas tinham.
O Chichi preparou para nós uma deliciosa lagosta a beira-mar em Crasquí, nos levou fazer o melhor snorkel de nossas vidas em Carenero, levou um pessoal fazer esqui aquático, pescou tubarão para a gente ver, enfim, ele deu um acompanhamento diferenciado ao grupo. Enquanto isso, nós víamos que os hóspedes das demais pousadas eram “largados” nas ilhas. Só pelo Chichi já vale a pena ficar na Guaripete.
Chichi, o capitão do barco e guia dos passeiosFachada da pousada
A alimentação na pousada funciona da seguinte maneira (nós escolhemos o sistema pensão completa):
Café da manhã: é servido na mesa, com queijo, presunto, pão caseiro, uma espécie de panqueca doce, manteiga, geleias, omelete ou ovos mexidos, suco, café, leite e chá. Não serviram frutas. O café é bom, dá para reforçar bastante.
Almoço: vai na cava (térmica) que a pousada prepara e leva durante os passeios. É um almoço frio, um tupperware com um arroz com ingredientes ou um sanduíche ou uma torta. É aqui que achamos que a Guaripete falha um pouco no quesito alimentação. O almoço não nos sustentava, por isso comprávamos uns petiscos no mercado para comer durante o dia. Também temos que considerar que somos um casal que come bem, acima da média.
Cava que a pousada preparava diariamente.
Chá da tarde: na volta dos passeios a pousada nos oferecia um chá gelado com alguma coisa para comer. Cada dia era uma coisa, pizza, pastel, focaccia, etc. Na verdade não era servido na hora em que chegávamos do passeio, mas de uma a uma hora e meia depois. O ideal é que fosse servido logo que chegássemos dos passeios, pois chegávamos com fome. Além disso, eles serviam já próximo do jantar.
Pizza depois dos passeios
Jantar: preparado pelo chef Ciro, muito bom. Tinha entrada, primeiro prato, prato principal e sobremesa. Os pratos eram refinados, preparados por um chef mesmo.
Chef Ciro preparando a entradaEstava uma delíciaPrato principal
A avaliação que fizéssemos da alimentação na Guaripete é muito boa. Só não demos um excelente por conta do almoço que não matava a nossa fome que é monstruosa. Mas acredito que para a maioria das pessoas dê tranquilamente. Refrigerantes e água já estão inclusos no pacote da pousada. Cerveja e vinho são cobrados. A cerveja venezuelana que eu mais gostei foi a Solera Verde, é muito boa, com 6% de álcool. Solera Verde, não a Light.
Durante os passeios, o Chichi e seu ajudante preparava tudo para a gente nas ilhas: o guarda-sol, as cadeiras e nossa cava. A cava era preparada e levada até o barco pelo pessoal da pousada. Não precisávamos nos preocupar com a cava e com os acessórios de praia.
Cavas
Quanto à estrutura, a pousada é simples: uma espécie de lounge no segundo piso com rede, cadeiras e sofás, 8 quartos e a “área de convivência” onde fica a recepção, a cozinha e o lugar em que fazíamos as refeições. É um esquema bem de grupo mesmo, todo mundo come junto, passeia junto, fizemos muitas amizades.
Espaço para relaxarÁrea de convivência da pousada
O quarto não era grande, mas cabe um casal tranquilamente. O banheiro também era pequeno. Como o vilarejo possui ruas de areia e nós voltávamos impregnados de areia dos passeios, era de se esperar que o quarto não fosse dos mais limpos. Não era extremamente limpo, mas também não era sujo, dá pra ficar tranquilamente.
Quarto
Uma coisa que nos incomodou um pouco foi o cheiro de fossa que vinha do vaso sanitário. Não sei se é comum esse cheiro, se foi só nessa época que estávamos lá. Mas em se tratando de Los Roques temos que relevar e considerar que é uma coisa normal. Do chuveiro sai apenas um filete de água e não é quente. À tarde o banho é tranquilo, já que a água é naturalmente quente. De manhã é um pouco mais complicado, mas deu para encarar. Mas isso faz parte de Los Roques.
Banheiro
A Pousada Guaripete tem um gerador que entra em funcionamento quando a energia cai. Mas o gerador não sustenta o ar condicionado. É uma coisa relativamente comum ficar sem ar durante alguns momentos ou horas.
A única reclamação severa que temos para fazer da pousada é em relação ao ar condicionado do nosso quarto. Desde os primeiros dias o controle do nosso ar estava com problemas, era difícil de regular a temperatura, mas depois de uma briga com o controle conseguíamos. Mas também pudera, dá uma olhada no estado dele:
Controle remendado
Nos últimos dois dias o controle parou de funcionar, quebrou. Como estávamos numa ilha perdida no meio do Caribe e sem estrutura, era de se esperar que a pousada não conseguisse providenciar outro rapidamente. Mas foi uma falha do pessoal da pousada deixar o controle chegar nesse ponto de deterioração. Já era para eles terem trocado o controle há muito tempo.
Sem controle, a pousada tinha que chamar um técnico para ligar manualmente nosso ar condicionado. Até aí tudo bem, se não fosse o fato de que quando a energia elétrica caía, o ar condicionado desligava. Só que a energia elétrica caía toda hora e a maioria das vezes não era possível chamar o técnico para religar o ar, já que isso ocorria durante a madrugada. A última noite passamos sem ar, foi um calor infernal. Para piorar nosso quarto dava para rua e pegava todo o sol da tarde. Ele era muito mais quente que os demais quartos da pousada, isso eu conferi pessoalmente entrando em outros quartos. Claro que podemos considerar esse problema como um acidente, mas também foi um desleixo da pousada deixar o controle do ar chegar naquele ponto.
No fim das contas consideramos a Pousada Guaripete excelente para o nível de Los Roques. Problemas acontecem por lá, tudo é muito rústico. Ficamos sabendo por uma amiga que foi para Los Roques na semana seguinte que a nossa, que a Pousada Sol y Luna, onde muitos brasileiros ficam, teve um sério problema. O gerador da pousada quebrou e a maioria dos hóspedes pediu o dinheiro de volta e foi procurar outras pousadas. Quem for para Los Roques tem que ter consciência que o lugar é bem rústico e com estrutura simples e as únicas coisas perfeitas por lá são as praias e as ilhas.
A reserva da Pousada Guaripete fizemos através da Agência Roquemar, que é parceira ou pertence à Pousada Guaripete. Todo o contato foi com o Sr. Andrea da Roquemar. Se você enviar um email para a Guaripete, provavelmente é ele quem vai responder.
Nosso pacote com a Guaripete já incluía toda a assistência em Caracas, incluindo pernoite, transfer e as passagens Caracas-Los Roques e Los Roques-Caracas. Achamos muito prático fechar tudo com a Pousada Guaripete, facilitou muito a nossa vida e acho que se tentássemos fechar por conta, o que economizaríamos não valeria o trabalho que daria.
Preços e itens que incluía o pacote:
Transfer Aeroporto Caracas – Hotel Miramar (pernoite em Caracas): 20 dólares o casal
Hotel Miramar Suites (pernoite): 80 dólares o casal
Transfer Hotel Miramar – Aeroporto Caracas: 20 dólares o casal Voo Caracas-Los Roques ida e volta: 540 dólares o casal
4 diárias na Guaripete com pensão completa e incluso passeios nas ilhas próximas: 960 dólares o casal.
O interessante é que com 4 diárias aproveitamos 5 dias. Chegamos por volta das 10:30 da manhã em Los Roques e a pousada nos disponibilizou um quarto para que pudéssemos nos aprontar. Assim já fizemos um passeio no primeiro dia. No último dia o nosso voo foi as 17:00, e pudemos sair da pousada nesse horário, então também pudemos fazer um passeio. Nesses dias é recomendável conhecer as ilhas próximas, já que o tempo disponível para o passeio é menor.
Nós pagamos a pousada através do paypal. Pagamos 50% na reserva, uns 4 meses antes e os 50% restantes poderiam ser pagos em dinheiro na pousada ou pelo paypal também. Como eu tinha saldo disponível, paguei pelo paypal. A Guaripete cobra 4% de taxa para o pagamento via paypal.
Quem sai do Brasil com destino a Los Roques se vê obrigado a pernoitar uma noite em Caracas. Isso porque os voos Brasil-Caracas não batem com os horários dos voos que saem de Caracas para Los Roques.
Para facilitar a vida dos turistas, as pousadas de Los Roques oferecem toda assistência para o pernoite em Caracas. No pacote que fechamos com a Pousada Guaripete, já incluía o transfer aeroporto-hotel-aeroporto (40 dólares o casal), uma diária no hotel em Caracas (80 dólares o casal) e as passagens áreas de ida e volta para Los Roques (270 dólares por pessoa). Foi muito prático fechar tudo com a Guaripete.
Na verdade todo o contato, pagamento e reserva não é feito com a pousada, e sim com a Roquemar, uma agência localizada no Aeroporto de Maiquetia (Caracas) e que é parceira da Guaripete.
Assim que entramos no saguão de desembarque já vimos a agência, que fica no lado direito do saguão para quem sai da área de desembarque. A Roquemar nos deu toda a assistência no aeroporto, já que os relatos que vimos sobre golpes no aeroporto nos deixou meio inseguros para fazer o câmbio paralelo. Leia mais sobre o câmbio paralelo na Venezuela.
Roquemar
Depois de fazer o câmbio fomos para o local do transfer. Existem muitos relatos sobre golpistas e taxistas ladrões em Caracas. Esse foi mais um motivo para fecharmos tudo com a Roquemar, para ficarmos sossegados.
O Aeroporto de Maiquetia fica cerca de 20 a 30km distante de Caracas. Ele fica à beira-mar, numa região não muito segura, na periferia. O serviço do transfer chegou para nos levar para o hotel que ficava a uns 20 minutos do aeroporto. Nos relatos que li pela net, a maioria das pessoas ficava no Eurobuilding Express (caro, mais de 200 dólares a diária) ou no Catimar (barato, cerca de 30 dólares a diária, mas muito ruim).
Durante a negociação do pacote, a Roquemar nos propôs o Hotel Chipi´s Beachs por 80 dólares. Eu não achei nenhum relato sobre ele, fiquei apreensivo, mas pelo preço imaginei que fosse algo entre o Eurobuilding e o Catimar. Chegando no Chipi´s Beachs, vimos que o hotel parecia ser ficável.
Hotel Chipi´s Beachs
Foi quando a moça da recepção disse que não existia nenhuma reserva. Após ligações entre o hotel e a Roquemar, descobrimos que nossa reserva era para outro hotel, o Miramar Suites, que eu também nunca tinha ouvido falar.
O Miramar Suites nos surpreendeu. O hotel tem uma piscina muito bonita, pena que já era tarde e não deu pra aproveitar. O quarto é simples e não é dos mais limpos, mas dá para passar uma noite tranquilamente. O restaurante do hotel fica no último andar, é bom e barato, jantamos bem lá.
Piscina do hotel Miramar SuitesRestaurante do Miramar Suites
No fim das contas achamos que o Miramar Suites é uma excelente opção, não é caro e nem barato, não é muito bom e nem muito ruim, ideal para um pernoite na região do Aeroporto de Caracas.
Quarto do Miramar Suites
No dia seguinte pela manhã o transfer nos pegou no hotel para nos levar ao aeroporto. Os voos para Los Roques partem do aeroporto nacional, que fica ao lado do internacional. O aeroporto nacional é muito mais perigoso que o internacional, inclusive não é recomendado fazer câmbio nele.
Na volta de Los Roques o voo desce no aeroporto nacional. Como os voos da volta batem com os horários dos voos para o Brasil, não é necessário pernoitar. Para ir do aeroporto nacional até o internacional (da onde saem os voos da Tam e Gol para o Brasil), basta pegar um corredor interno que faz a ligação entre os aeroportos. É preciso percorrer um bom trecho, talvez uns 500 metros. Mas é a melhor opção, já que sair na rua e pegar um táxi pode ser perigoso.
Logo que você pega suas malas, passa na alfândega e sai no saguão do Aeroporto de Maiquetia (Caracas), muitos carregadores de malas começam discretamente a tentar fazer câmbio com você. Na Venezuela há uma diferença muito grande entre o câmbio oficial e o paralelo. Quando fomos, o oficial estava 1 dólar = 4,3 bolívares, enquanto que no paralelo estava 1 dólar = 13 bolívares.
Essa diferença de câmbio é crucial para podermos economizar nos gastos durante todo o tempo que estivermos na Venezuela. Tudo fica muito barato fazendo o câmbio no paralelo. Só que existe um problema muito sério: fazer câmbio no paralelo é ilegal. Além disso, muitas pessoas já caíram no golpe de notas falsas ao fazer o câmbio negro, além de vários outros golpes que os malandros de plantão podem aplicar. Por isso não podemos dar uma de turistas bobos.
Nós fechamos todo nosso pacote de Los Roques com a agência Roquemar, que fica no Aeroporto de Maiquetia. Mais informações sobre como fechamos o pacote você pode ver aqui. Ao desembarcarmos fomos direto à Roquemar para solicitar o transfer e pedir informações sobre o câmbio. Durante o trajeto, um carregador de malas foi nos acompanhando e oferecendo o câmbio. Ignoramos ele, mas ao chegarmos na Roquemar, o pessoal da agência disse que era seguro trocar com esse carregador. Então negociamos com ele mesmo. Falamos a quantidade de dólar que queríamos trocar, negociamos a 13. Ele foi pegar os bolívares e discretamente nos entregou. Depois de 1 ou 2 minutos ele voltou e pegou os dólares. Tudo na base da confiança.
O ideal é fazer o câmbio uma vez só durante a viagem. Quanto mais você trocar, melhor cotação você consegue. Eu acredito que para um casal que vai ficar uma semana em Los Roques em regime de pensão completa, cerca de 400-500 dólares está bom. Esse valor depende muito do perfil do casal e de quanto estará o câmbio na época. Esses foram os nossos gastos em bolívares durante a viagem: alimentação no pernoite em Caracas, passeios em Los Roques, vinhos no jantar da pousada, cerveja (a nossa pousada não estava incluso, em outras pousadas está incluso), feirinha de Los Roques, barzinhos na beira da praia durante a noite, lagosta que comemos em Crasquí, alimentação no aeroporto de Caracas no voo de volta e gastos no free shop de Caracas. No aeroporto a cotação estava 1 para 13 e em Los Roques 1 para 10. É mais vantajoso fazer o câmbio no aeroporto.
Em nossa viagem a Los Roques fomos com a mais aventureira das companhias aéreas que voam para o arquipélago: a Chapi Air. Além da Chapi Air, a Aerotuy (LTA) também opera voos para Los Roques, mas essa última é famosa pelos atrasos frequentes nos voos. O voo da Aerotuy é com um avião de porte maior, cerca de 50 passageiros.
São dois aviões que compõe a frota da Chapi Air, um de 8 e o outro de 14 passageiros. Nós tivemos o privilégio de voar com os dois. Na ida fomos com o maior e na volta com o menor. Antes da viagem eu li pela net muitos relatos sobre o amadorismo, falta de conservação e do apelido dos aviões da Chapi Air: “Kombi voadora”. E agora posso afirmar que tudo isso é verdade mesmo.
As vantagens de ir para Los Roques com a Chapi Air são a pontualidade e os horários dos voos. Nosso voo de ida foi as 09:30 e o de volta as 17:00. Assim também deu para fazer passeios no primeiro e no último dia.
Engraçado foi ouvir o piloto dizer que era proibido andar dentro do avião.
Nosso voo de ida foi com o maior avião da companhia, o de 14 lugares, que possui 3 hélices. Um modelo de avião que nunca tinha visto. Eu já tenho medo de voar nos aviões grandes, imagina num aviãozinho teco-teco de uma companhia das mais sinistras, e ainda era a primeira vez que eu entrava num avião pequeno. Eu tentei não pensar muito na situação e até que encarei o voo numa boa. Fiquei mais concentrado nas fotos e filmagens que eu estava fazendo.
Avião de três hélices da Chapi Air.
O momento mais tenso foi a decolagem. As cabines dos aviões da Chapi Air não são pressurizadas e não tem ar condicionado. Como estava muito calor, o copiloto deixou a porta aberta enquanto o avião estava taxiando. A situação era cômica, para não dizer tensa.
Copiloto com a porta aberta para ventilar.
A decolagem foi perfeita. O voo de Caracas a Los Roques dura de 40 a 50 minutos. Os 30 primeiros minutos são os mais tensos, porque não há nada para fazer. Você olha para baixo e vê aquele marzão azul sem fim. Não dá para conversar porque o barulho do motor é muito alto, chega a ser quase insuportável. Eu tive que ficar me concentrando para não imaginar que eu estava num teco-teco apertado e entrar em desespero. Eu deveria ter levado um jornal, igual o piloto.
Piloto lendo jornal.
A melhor parte do voo (sim o voo tem uma melhor parte) é quando o arquipélago começa a surgir no horizonte. Aí você esquece do teco-teco e começa a ver um dos locais mais lindos desse planeta.
Lindo demais.
Os últimos 10 minutos de voo são de contemplação. Aquele mar com diversas tonalidades de azul, centenas de ilhas e você fica imaginando em qual delas você vai. E fotos, muitas fotos.
Chegando no paraíso.
Nem deu pra ficar tenso com a aterrissagem. Depois de ver o paraíso lá de cima, a ansiedade era tanta que a única coisa que passa pela cabeça é chegar logo na pousada, deixar as coisas e sair para explorar Los Roques. Apesar de todos os temores o voo foi perfeito.
O aeroporto de Los Roques é a cara do arquipélago: rústico total. É uma pista, uma torre de controle que fica improvisada em cima de um caminhão e umas casinhas onde são feitos os controles dos voos e de entrada dos turistas. Nós pagamos 180 bolívares por pessoa de taxa para entrar no arquipélago. O pessoal da Pousada Guaripete já estava lá para nos ajudar com as malas.
Aeroporto.
O voo de volta também foi perfeito. A diferença é que fomos no avião menor, o de 8 passageiros. No voo da ida nós fomos no terceiro banco. Já no da volta iríamos no último banco. Quando fui entrar no avião vi que o espaço que tem para as pernas nesse último banco é minúsculo, não cabe alguém com 1,88m de altura como eu. Questionei o piloto sobre isso, ele virou para mim e disse: “É o que há”, querendo dizer: “O problema é seu, se vira.” A sorte é que tinha um lugar vazio no banco da frente. Então eu fui no banco da frente com outra pessoa, enquanto minha esposa foi sozinha no banco de trás.
Avião de 8 passageiros da Chapi Air
Veja o vídeo dos nossos voos com a Chapi Air:
Como comprar o voo Caracas – Los Roques com a Chapi Air:
Não é possível comprar as passagens pelo site da Chapi Air. Ouvi relatos de pessoas que conseguiram comprar as passagens por email. Mas não imagino como essas pessoas pagaram as passagens, talvez por transferência internacional.
Vi também alguns relatos de pessoas que deixaram para comprar a passagem lá na hora, principalmente pensando na vantagem de comprar com o câmbio paralelo e pagar mais barato. Mas eu não recomendo isso. Os aviões são pequenos e caso não haja lugares disponíveis, será necessário perder um dia ou mais em Caracas. Los Roques é um destino muito barato para os brasileiros, economizar uns trocados no voo e talvez perder um dia no arquipélago não compensa. Sem contar a insegurança e a incerteza de ir para lá sem voos reservados.
Compramos o nosso voo diretamente com a Pousada Guaripete. Acredito que todas ou a maioria das pousadas em Los Roques também faça isso. Elas já têm contato com as companhias, devem ganhar uma comissão, mas pelo menos fomos com a segurança de termos os voos reservados. E isso foi fundamental para nós, pudemos aproveitar o primeiro e o último dia, já que o voo de ida foi de manhã e o de volta no final da tarde. Pagamos 270 dólares por pessoa ida e volta.
O arquipélago de Los Roques pertence à Venezuela e está localizado no Caribe, ao lado das ilhas ABC (Aruba, Bonaire e Curaçao). Não é possível chegar de barco até Los Roques e também não há voos que partem das ilhas ABC. A única maneira de se chegar até Los Roques é de avião, a partir de Caracas ou Isla Margarita. O voo Caracas-Los Roques dura cerca de 40 a 50 minutos.
Esse voo é bastante temido pelos turistas. Ele é operado por companhias áreas de qualidade duvidosa. É uma aventura que faz parte da viagem. São basicamente duas companhias que operam regularmente o trecho: Aerotuy (LTA) e Chapi Air.
A Aerotuy opera com um avião de médio porte, cerca de 50 passageiros, ideal para quem tem medo de aviões muito pequenos. Mas o problema é que a companhia é famosa pelos atrasos nos voos. Uma família que estava na mesma pousada que nós em Los Roques foi com a Aerotuy e o voo atrasou quase cinco horas. Os voos até Los Roques pela Aerotuy, saem de Caracas e Porlamar (Isla Margarita).
Avião Aerotuy – LTA
Já a Chapi Air é mais pontual e opera com dois aviões: um de 8 e outro de 14 passageiros. Nós tivemos o privilégio de voar com os dois, um na ida e outro na volta. Os aviões da Chapi Air são conhecidos como “kombi voadoras”. Veja nosso relato do voo Caracas – Los Roques. Se você tem medo de aviões, não se preocupe. Eu tenho muito medo e encarei numa boa.
Avião de 8 passageiros da Chapi Air
Os voos foram tranquilos e para conhecer Los Roques vale muito a pena passar alguns minutos num teco-teco. Sem contar a emoção de ver o paraíso lá de cima. O melhor lado para apreciar o arquipélago do avião é o esquerdo na ida e o direito na volta.
Vista Aérea de Los Roques
A melhor maneira para comprar as passagens aéreas Caracas-Los Roques é deixar essa tarefa para a pousada em que você ficará hospedado. Quando eu estava planejando a viagem, cheguei a entrar nos sites das companhias para ver os preços e tentar comprar. Na Chapi Air só dá pra comprar via email. Na Aerotuy achei o site e os preços meio complicados, estava até mais caro do que a pousada estava me oferecendo. Acabamos fechando os voos pela Chapi Air com a pousada mesmo, por 270 dólares ida e volta por pessoa. Não recomendo deixar para comprar as passagens lá em Caracas. Os aviões são pequenos, podem estar lotados e você terá que perder um tempo precioso aguardando até o próximo voo que não estiver cheio.
Para quem está indo para Los Roques vindo do Brasil, é necessário dormir uma noite em Caracas. Isso porque os voos da Gol e da Tam que chegam diariamente em Caracas, não batem com os horários dos voos para Los Roques. Veja como funciona o pernoite em Caracas.
Quando ir para Los Roques
Essa é uma pergunta que eu mesmo fiz quando estava planejando a viagem: qual é a melhor época para ir para Los Roques? O arquipélago fica numa região que chove muito pouco, portanto não é necessário se prender ao fator tempo para definir a data da viagem. O período de maior chuva é entre os meses de outubro e dezembro. Nós fomos em novembro, no ápice das chuvas em Los Roques e mesmo assim só choveu por 15 minutos durante os cinco dias que ficamos por lá. Já li relatos de pessoas que pegaram um dia inteiro de chuva, mas é bem raro.
Para quem gosta de lagosta, a temporada de pesca vai de novembro a abril. Nós pegamos a temporada e os poucos restaurantes que existem nas ilhas de Los Roques tinham lagostas frescas. Nós comemos uma lagosta deliciosa preparada à beira-mar pelo capitão do barco da nossa pousada.
Los Roques possui alguns períodos onde o número de turistas aumentam. São os meses de férias e feriados como o réveillon. Muitos europeus, principalmente italianos, visitam Los Roques durante o mês de agosto, que é um mês de férias para eles. Portanto se puder, evite agosto e outros meses de férias. Não há nada mais espetacular que contemplar as belezas de Los Roques com pouquíssimas pessoas por perto.
